BOLETIM CLIMÁTICO PARA O VERÃO 2022/2023
Período: de 21/12/2022 às 18h48 até 20/03/2023 às 18h25
A estação do verão, entre as demais estações do ano, e conforme a climatologia, é a que normalmente apresenta maiores acumulados de chuva na região do Estado do Paraná. A estação também se caracteriza com dias mais longos e aquecidos, além de períodos às vezes de muito calor.
Nesta estação, temos uma maior frequência de atuação dos sistemas convectivos de mesoescala na região do estado, com linhas de instabilidade e aglomerados de nuvens convectivas, tempestades localizadas. Normalmente, estas instabilidades são potencializadas por uma atmosfera que se caracteriza por estar mais aquecida e com taxas de umidade e calor mais elevados. Por conta disto, não são raras sequências de dias com ocorrência de chuvas, especialmente entre os períodos das tardes e noites. Em alguns casos, os eventos de precipitação podem ser fortes e as chuvas volumosas. Outra característica destes eventos, é a curta duração, mas podem ocasionar muitos raios, rajadas de ventos fortes, granizo e causar danos. Os sistemas frontais (frentes frias), nesta época do ano, ocorrem com menor frequência, e principalmente aqueles que seu eixo mais instável avançaposicionado pela área continental, ou sobre a região do estado. É mais comum as frentes, no verão, projetarem seu eixo mais instável em direção ao interior do Oceano Atlântico, na altura do sul do país, reforçando e organizando, em alguns casos, a instabilidade atmosférica na região do Paraná.
Em relação à temperatura do ar, temos uma elevação dos valores médios no ano, sendo que as regiões Oeste, Sudoeste, Norte e Litoral são destaques, por conta de normalmente apresentarem valores mais elevados no período do ciclo diurno.
A tabela abaixo mostra os valores das médias históricas de chuva (faixa de variação), das temperaturas mínimas e temperaturas máximas para cada região do Paraná nos meses de janeiro-fevereiro-março.
Fonte: Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná
Condições atmosféricas-oceânicas em larga escala
As condições oceânico-atmosféricas na bacia do Oceano Pacífico Equatorial, mostram nas últimas semanas a configuração de um evento climático El Niño - Oscilação Sul (ENOS) na sua fase fria, denominado La Niña. As anomalias da temperatura da superfície do mar (TSM) nas regiões de monitoramento do ENOS, na última semana, oscilaram entre - 0,5 °C - 0,9 °C, com os valores mais intensos nas regiões do Niño 3.4 e Niño 4, Figura 1.
Figura 1 - Evolução mensal das anomalias da TSM para as quatro regiões do El Niño atualizada atéo início de dezembro de 2022. Fonte: IRI
Além disso, os sinais dos impactos deste fenômeno também são observados na componente atmosférica. Os ventos de leste nos níveis baixos da troposfera começam a perder intensidade em relação à estação da primavera. Isso faz com que águas mais frias que o normal, presentes na costa oeste da América do Sul, comecem a perder intensidade nos setores do Niño 3 e 3.4, onde já é possível ver pequenas porções de águas mais aquecidas.
No Oceano Atlântico Sudeste, na costa do Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina, as águas superficiais estão mais quentes, entre 2,0 a 5,0 °C que o normal, conforme mostrado na Figura 2.
Figura 2 - Anomalias médias da temperatura da superfície do mar - TSM de 5 a 11 de dezembro de2022. Fonte: NOAA View.
Nos próximos meses, período entre janeiro a março de 2023, as previsões climáticas mostradas nas Figuras 3 e 4, indicam que o fenômeno La Niña continuará ativo, com intensidade moderada da anomalia da temperatura média da superfície do mar entre -0,5 °C e -1,2 °C, mas que deverá perder intensidade no decorrer do verão de 2023 e realizar a transição para um período de neutralidade. Aprobabilidade da continuação deste evento de La Niña durante o trimestre DJF/23 começa com 77% e em janeiro diminui para 50%, como mostrado na Figura 3.
A Figura 4, mostra as previsões feitas por modelos dinâmicos e estatísticos para TSM na região Nino 3.4, para nove períodos de 3 meses. A aptidão esperada dos modelos, com base nos respectivos desempenhos históricos, não são iguais e geralmente diminui à medida que o horizonte de tempo do prognóstico aumenta. Diferenças das previsões dos modelos, retratam as diferenças nas configurações técnicas dos mesmos e a incerteza real na previsão do possível cenário futuro da TSM.
Figura 3 - Previsão probabilística de ocorrência das categorias do fenômeno ENOS para os próximos 9 meses, a partir de novembro de 2022 Fonte: IRI
Figura 4 - Plumas dos modelos dinâmicos e estatísticos da previsão da anomalia da TSM na região do Niño 3.4 para os próximos 9 meses, a partir dos dados observados em outubro de 2022.
Conforme o cenário climático global, o prognóstico do clima para o trimestre de janeiro, fevereiro e março de 2023 para o Paraná é:
Este verão será caracterizado com um gradual enfraquecimento do fenômeno climático La Niña e, durante os próximos 3 meses, realizar a transição para para um novo período de neutralidade, possivelmente até o final desta estação;
A temperatura média do ar apresenta uma tendência com a média climatológica para os próximos 3 meses. Contudo, durante a estação também são previstos dias seguidos, em que as temperaturas ficam mais elevadas. Nestes casos, o calor mais intenso, pode provocar condição de desconforto térmico.
Em relação ao regime das chuvas para estação no Paraná, a tendência é de uma aproximação progressiva com a média climatológica. Contudo, em relação à distribuição espacial e temporal, ainda se considera uma condição de irregularidade, como observado em meses anteriores, possibilitando neste caso, algumas áreas com acumulados mais significativos, a exemplo do litoral do estado. Considera-se, ainda, que ocorram dias com tempo mais seco e quente, resultando em aumento da evapotranspiração. Também é preciso destacar, as tempestades isoladas, típicas da estação, com grau de severidade muitas vezes mais intenso. No entanto, estes eventos estão relacionados com as previsões de curto e curtíssimo prazo.
Conforme a tendência indicada pelos modelos de previsão para os meses do período do verão na região do Paraná, espera-se uma aproximação aos padrões de normalidade, em relação ao regime de chuvas. Os indicativos de enfraquecimento do fenômeno La Ñina na região do Oceano Pacífico Equatorial neste período, reforçam esta tendência. Contudo, há de se considerar que é um processo gradual até a condição de neutralidade prevista na região do Oceano Pacífico Equatorial, sem influências do oceano na atmosfera. Assim, durante os meses do verão, alguns períodos poderão se caracterizar como mais secos ou mais úmidos que o esperado para a estação (sendo no caso acima da média, como ocorreu ao longo de 2022), bem como períodos apresentando temperaturas mais ou menos elevadas em relação à climatologia.
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