O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou a ocorrência de mais dois tornados no interior do Paraná durante as tempestades da noite de sexta-feira (07), além de finalizar a classificação do tornado que já havia sido confirmado no município de Rio Bonito do Iguaçu.
Rio Bonito do Iguaçu teve um tornado categoria F3 na escala Fujita. Turvo e o distrito de Entre Rios, em Guarapuava, tiveram tornados na categoria F2. Além dos três tornados já confirmados, a equipe segue realizando estudos e análises de outras ocorrências suspeitas.
Assim que a previsão do tempo confirmou a ocorrência das tempestades severas, na terça-feira anterior (04), o Simepar iniciou a confecção de boletins diários para a população. Em parceria com a Defesa Civil, equipes já iniciaram reforços no monitoramento das regiões que seriam mais afetadas. Na sexta-feira (07), uma operação especial com participação de todos os meteorologistas de Curitiba monitorou a movimentação atmosférica em tempo real.
Assim que o fenômeno foi constatado em Rio Bonito do Iguaçu, por volta das 18h10, as análises preliminares para classificação do tornado deram início. As primeiras fotos e vídeos feitas pelas equipes de resgate no município e enviadas pela Defesa Civil já evidenciaram o potencial para o tornado.
Após a análise dos dados de radar, a refletividade foi estudada e também foi percebido um hook echo, ou seja, eco de gancho, uma assinatura do radar meteorológico que indica a possibilidade de existência de tornado. Preliminarmente o tornado foi classificado na escala Fujita entre as categorias F2 e F3, com estimativa de ventos na faixa de 250 km/h.
Na manhã seguinte, sábado (08), Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar, foi até a cidade realizar entrevistas técnicas. Acompanhado de um Engenheiro Civil do Corpo de Bombeiros, ele também sobrevoou a cidade e outras regiões do estado que tiveram indícios nos dados de radar de possibilidade de tornado. Reinaldo conversou com profissionais que atuaram nos resgates em todas as cidades envolvidas. Conversou com moradores das regiões que vivenciaram o tornado. Compreendeu, presencialmente, a distância que objetos e pessoas foram arremessados pela força do vento.
Uma reunião envolvendo todos os 15 meteorologistas da equipe de Curitiba concluiu com um longo debate as análises feitas, para a emissão de uma nota técnica. O trabalho concluiu que, em decorrência do aprofundamento de um sistema de baixa pressão sobre o Rio Grande do Sul, que posteriormente deu origem a um ciclone extratropical, as condições atmosféricas — com grande aporte de calor e umidade, além da intensificação e mudança na direção dos ventos com a altura, — criaram um ambiente favorável à formação de tempestades severas e tornados no estado.
Por volta das 18h, uma tempestade supercelular atingiu o município de Rio Bonito do Iguaçu, gerando um tornado de categoria F3 na escala Fujita, com ventos estimados entre 300 km/h e 330 km/h. Na sequência, outras duas tempestades severas também geraram tornados: uma no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, classificada como F2, com ventos próximos de 250 km/h; e outra em Turvo, ao sul da área urbana central, também classificada como F2, com ventos ao redor de 200 km/h.
O tornado mais intenso se formou em Espigão Alto do Iguaçu, e adquiriu intensidade maior quando já estava sobre Rio Bonito do Iguaçu. Possivelmente o tornado teve um diâmetro de 800 metros a um quilômetro. Ele também passou por Porto Barreiro. No total, percorreu uma distância de aproximadamente 40 km.
“Foram percebidas algumas torres de transmissão de energia que tinham caído na direção do tornado. A vegetação estava destruída, e foram perceptíveis movimentos relativamente aleatórios nos danos nas árvores. Danos significativos, por vezes totais: algumas árvores que foram 100% destruídas no sentido de que não sobrou nenhuma folha, nenhum galho, apenas o tronco. De forma geral, os carros foram arremessados a cerca de 50 metros de distância. A maioria das casas era de madeira e todas foram completamente destruídas. Edificações de alvenaria foram colapsadas por completo, também”, explica Leonardo Furlan, meteorologista do Simepar especializado na área de tempestades severas, e que participou das análises.
A supercélula que originou o tornado de Rio Bonito do Iguaçu se formou na altura do município de Quedas do Iguaçu. Foi a mesma supercélula que deu origem ao segundo tornado classificado, no Distrito de Entre Rios, em Guarapuava.
“A casa em que um homem morreu em Guarapuava era de estrutura mista, com madeira e principalmente alvenaria, e o colapso foi absoluto. Outras casas e veículos tiveram danos significativos. Durante os sobrevoos também foi analisado o impacto sobre a vegetação. Matas foram destruídas em um padrão muito parecido com Rio Bonito do Iguaçu, mas os danos tiveram menor abrangência”, detalha Furlan.
Outra supercélula, que se formou na cidade de Ibema e passou por Guaraniaçu e Goioxim, originou o terceiro tornado classificado pelo Simepar, já na cidade de Turvo. “Em Turvo matas foram decepadas, casas de madeira vieram abaixo, mas com estragos também em algumas casas de alvenaria, similar à Guarapuava, porém com menor intensidade. Um carro também foi arremessado sobre uma casa, que virou em escombro. O veículo estava atravessado pedaços de madeira”, ressalta Furlan.
O Simepar segue analisando imagens e relatos de outras possíveis ocorrências na região, que apresentam indícios de tornados. Novas atualizações serão divulgadas assim que as análises forem concluídas. O Simepar reforça a importância do acompanhamento das previsões e dos alertas meteorológicos, especialmente em situações de tempo severo, e mantém o monitoramento contínuo das condições atmosféricas em todo o estado. Veja mais ...