Características Climáticas do Inverno no Paraná
Chuva: o inverno é caracterizado pelos menores valores de precipitação acumulada em grande parte do estado com base na climatologia disponível. A distribuição espacial da chuvas segue a trajetória típica das passagens de sistemas frontais nessa área. Nos meses de julho e agosto ocorrem os mais secos do ano no Paraná. A partir de setembro, principalmente na segunda quinzena, as chuvas no Paraná começam a apresentar alterações em seu regime típico de inverno, com o desenvolvimento de áreas de instabilidade associadas ao aquecimento mais acentuado da atmosfera, entre o Centro-Oeste brasileiro e o Paraguai.
Temperatura: o inverno é a estação mais fria do ano. O ingresso de massas de ar frias e secas no território paranaense é uma ocorrência habitual após a passagem de frentes frias. Essas massas de ar ocasionam quedas acentuadas nas temperaturas num intervalo entre 24 e 48 horas. Com o frio mais intenso associado a massas de ar de origem polar, a formação de geadas em boa parte do Estado (com menor probabilidade no norte) é favorecida. Os maiores riscos climáticos para formação das geadas são observados nas regiões mais altas do estado (regiões Sul, Centro Sul, Centro e Campos Gerais). É recomendado aos usuários a acompanhar as previsões de tempo diárias (para os intervalos 24, 48 e 72 horas) sobre a possibilidade de ocorrência de geadas no Paraná. Outro fenômeno típico da estação são os nevoeiros, com intensidade e duração diretamente associadas ao padrão de tempo predominante na região.
A tabela abaixo mostra os valores das médias históricas de chuva (faixa de variação), temperatura mínima e temperatura máxima para cada região do Paraná nos meses de julho, agosto e setembro.
Condições atmosféricas-oceânicas em larga escala
No mês de maio de 2020 a anomalia da temperatura da superfície do mar (ATSM) na bacia do Oceano Pacífico Equatorial (mostrada na Figura 1) apresentou valores perto de 0,0°C, com exceção da região próxima a 120°W que se localiza entre as áreas de observação dos Niño 3 e Niño 3.4. Nesta área, a ATSM oscilou entre -0,5 °C e -1,0 °C, contudo essa situação ainda não reflete um episódio de resfriamento anômalo típico (conhecido como La Niña). Na região do Oceano Atlântico Sul, o mês de maio deste ano registrou anomalias positivas desde o centro do Atlântico até próximo da linha do Equador, atingindo todo a área do litoral do Nordeste da América do Sul. Anomalias positivas de mais de 1,0°C ocorreram desde o sul da América do Sul até o rio da Prata, litoral do Uruguai.
Para o próximo trimestre (durante os meses de julho, agosto e setembro de 2020) a maioria dos modelos climáticos apontam para um cenário no qual as águas do Oceano Pacífico Equatorial vão continuar a apresentar um resfriamento lento e progressivo. Este cenário aponta para a manutenção da situação de neutralidade climática para os próximos três meses e para um aumento da probabilidade do desenvolvimento de um evento La Niña na segunda metade do segundo semestre de 2020, como mostrado na Figura 2.
Figura 1 - Anomalia da temperatura da superfície do mar em maio de 2020. Fonte: CPTEC/INPE
Figura 2 - Previsão probabilística de ocorrência das categorias do fenômeno El Niño / Oscilação Sul (ENOS) para os próximos nove meses, à partir de junho de 2020. Fonte: CPC/IRI
Com o cenário mais provável que foi descrito, o prognóstico para o trimestre julho, agosto e setembro de 2020 para o estado do Paraná é:
O grande cenário climático para o inverno ainda será dominado por uma situação definida como de neutralidade climática (não há a predominância nem do fenômeno El Nino como do La Nina na área do Oceano Pacífico Equatorial);
A temperatura média do ar deverá ficar ligeiramente acima da média climatológica para os próximos 3 meses. As massas de ar frio devem apresentar um comportamento um pouco diferente de anos normais; a atuação dessa massas de ar sobre o Paraná deve ser menos persistente nos próximos meses. Com essa característica, o inverno vai apresentar grandes oscilações de temperatura em intervalos de tempo de poucos dias. Há previsão da ocorrência de episódios chamados de "veranicos", que são a ocorrência de vários dias consecutivos secos e mais quentes que o habitual para a estação, intercalados com períodos curtos de frio intenso;
Conforme a indicação dos principais modelos climáticos analisados, a precipitação esperada para o inverno de 2020 será igual ou abaixo do acumulado normalmente esperado para esta época do ano. A expectativa é do predomínio de massas de ar seco por diversas semanas desta estação, inibindo a formação de chuva de grande extensão e volume e contribuindo para a manutenção do atual déficit hídrico que vem sendo observado nos últimos 12 meses em praticamente todas as regiões do estado do Paraná. Mesmo com a ocorrência eventual de episódios que causem acumulados de chuva mais volumosa, ainda assim são esperados períodos mais prolongados sem ocorrência de chuva significativa, reforçando o indicativo que o próximo trimestre seja ainda mais seco que a média climatológica para o mesmo período. Veja mais ...