BOLETIM CLIMÁTICO PARA O VERÃO 2020/2021
Início: dia 21 de dezembro de 2020 às 07h02
Término: dia 20 de março de 2021 às 06h38
Características climáticas do verão no Paraná
Chuva: historicamente o verão é a estação chuvosa no Paraná, sendo que os volumes totais acumulados são consequência direta da atuação de sistemas atmosféricos de mesoescala (tempestades isoladas, linhas de instabilidade e aglomerados de nuvens convectivas), associados ao maior aquecimento diurno e à maior disponibilidade de umidade do ar. Estes sistemas ocasionam chuvas intensas, localizadas, com grande incidência de descargas atmosféricas e de curta duração, muitas vezes acompanhadas de vendavais e granizo, afetando todas as regiões do estado.
Temperatura: as temperaturas apresentam os maiores valores médios do ano e as regiões Oeste, Sudoeste, Norte e Litoral apresentam os maiores valores. A estação tem como característica dias mais longos e quentes e por isso, dias consecutivos com temperaturas muito elevadas são muito comuns nesta época.A tabela abaixo mostra os valores das médias históricas de chuva (faixa de variação), temperatura mínima e temperatura máxima para cada região do Paraná nos meses de janeiro-fevereiro-março.
Região
Janeiro
Fevereiro
Março
Chuva (mm/mês)
TMIN°C
TMAX°C
Chuva(mm/mês)
TMIN°C
TMAX°C
Chuva (mm/mês)
TMIN°C
TMAX°C
Litoral
240-420
20,6
30,3
250-390
21,1
30,4
190-400
20,2
29,1
RMC
130-210
16,2
25,9
110-160
16,7
26,2
100-155
15,7
25,0
Centro
140-230
16,5
26,9
120-190
16,6
26,4
105-200
15,5
25,9
Sul
150-230
16,6
27,4
150-210
16,8
27,3
105-180
15,8
26,3
Sudoeste
130-230
18,0
29,0
150-220
18,0
28,3
105-165
16,8
27,9
Oeste
120-200
19,0
28,5
120-190
18,9
28,3
100-220
18,2
28,2
Norte
140-230
19,5
29,0
120-190
19,6
29,5
100-175
18,6
29,4
Fonte: Rede Agroclimatológica IDR Paraná
Condições atmosféricas-oceânicas em larga escala
As condições oceânico-atmosféricas na bacia do Oceano Pacífico Equatorial, mostram nas últimas semanas a configuração de um evento climático El Niño - Oscilação Sul (ENOS) na sua fase fria, La Niña. Essa condição foi estabelecida pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica - NOAA no final de setembro deste ano. As anomalias da temperatura da superfície do mar (TSM) nas regiões de monitoramento do ENOS, na última semana, oscilaram entre - 0,1 °C na região do Niño 1+2 até -1,2 °C no Niño 3-4, Figura 1.
Além disso, os sinais do desenvolvimento do fenômeno também são verificados na componente atmosférica. Os ventos nos níveis baixos da troposfera estão mais intensos que o padrão climatológico. Isso faz com que águas menos aquecidas presentes na costa oeste da América do Sul sejam transportadas com mais intensidade para o setor oeste da bacia do Pacífico, em direção à Oceânia. E nos níveis altos da troposfera as anomalias de vento são de oeste para leste sobre a bacia do Oceano Pacífico Equatorial, alinhadas com a diminuição da convecção do centro para o leste da bacia.
No oceano Atlântico Sudeste, costa Sul/Sudeste do Brasil, Uruguai e Argentina, as águas superficiais estão mais quentes, entre 0,5 a 2,0 °C que o normal como é mostrado na Figura 2.
As previsões climáticas para os próximos meses (entre janeiro a março de 2021, mostradas nas Figuras 3 e 4) indicam que o fenômeno La Niña continuará ativo, com intensidade moderada da anomalia da temperatura média da superfície do mar entre -1,0 e -1,5 °C e que deverá perder força a partir do final do verão e no outono de 2021. A probabilidade da continuação do evento La Niña durante o trimestre JFM/21 é de mais de 95 %, Figura 3. A bolha de água mais quente (anomalias positivas de TSM), na costa Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina também estará presente no próximo trimestre, contudo é prevista perder a sua força a partir de fevereiro de 2021.
O gráfico da Figura 4 mostra as previsões feitas por modelos dinâmicos e estatísticos para TSM na região Nino 3.4 para nove períodos de 3 meses. A destreza esperada dos modelos, com base nos respectivos desempenhos históricos, não são iguais e geralmente diminui à medida que o horizonte de tempo do prognóstico aumenta. As diferenças entre as previsões dos modelos refletem as diferenças nas configurações técnicas de cada modelo e a incerteza real na previsão do possível cenário futuro da TSM.
Com base no cenário climático global descrito, o prognóstico climático durante o trimestre janeiro, fevereiro e março de 2021 para o Paraná é:
O verão será marcado pela atuação do fenômeno climático La Niña com intensidade fraca a moderada.
A temperatura média do ar é prevista ficar próxima à média climatológica para os próximos 3 meses. Durante o verão também são previstos dias consecutivos com temperaturas elevadas, ocasionando períodos de desconforto térmico;
A chuva no Paraná vai ficar entre ligeiramente abaixo a próximo da média climatológica em todas as regiões, porém a distribuição espacial e temporal ainda vai ser irregular como vem ocorrendo nos últimos meses. Teremos vários dias consecutivos com tempo seco e muito quente, padrão esse que favorece o aumento da evapotranspiração. A ocorrência de tempestades isoladas e/ou em aglomerados de nuvens são típicas da estação, porém a previsão da severidade e dos locais de atuação estão relacionados com a previsão de curto a curtíssimo prazo.
Apesar da previsão da ocorrência de chuvas mais frequentes que as registradas na primavera, o panorama para o primeiro trimestre de 2021 segue com uma perspectiva de recuperação lenta dos níveis dos reservatórios de abastecimento de água no estado do Paraná, inclusive na Região Metropolitana de Curitiba.
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